O Evangelho de hoje apresenta-nos alguém que não fazia parte do povo de Deus. Era uma mulher pagã, uma mãe que tinha uma filha doente. Certamente já teria ouvido falar de Jesus de Nazaré, descendente de Davi. No seu coração havia o desejo ardente de procurar e encontrar Jesus. De forma quase inesperada, aparece esta mulher, vinda daqueles arredores. Ao ver Jesus começou a gritar: “Senhor, filho de Davi, tem compaixão de mim.” Esta súplica revela a verdadeira fé na divindade de Jesus, porque o trata por “Senhor”. Também revela a fé na humanidade de Jesus, uma vez que lhe chama “Filho de Davi.”

Jesus ouviu os seus gritos, mas não lhe respondeu. Os discípulos intercederam por ela: “Atende-a, porque ela vem a gritar atrás de nós.” Jesus não os atendeu. Este misterioso silêncio inflamou ainda mais o seu coração de mãe. Este silêncio de Jesus tem uma dupla finalidade. Por um lado, deixa-nos ver a grande confiança que ela tinha de obter o milagre desejado. Por outro lado, Jesus justifica a sua atitude, lembrando-nos a Sua obediência filial ao Pai celeste. Jesus ainda acrescenta, dizendo que “não é justo que se tome o pão dos filhos para o dar aos cachorrinhos.”

Depois de escutar tais palavras, quem não teria desistido? Ela não desanimou. Jesus resiste, mas ela insiste: “É verdade, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos.” Neste diálogo comovedor vemos uma profunda humildade e a uma fé inquebrantável. Ela não esmoreceu, ela aceitou as palavras de Jesus, ela argumentou dentro de uma lógica admirável: desejava obter a cura de sua filha, portanto, estava decidida a aceitar tudo para atingir o seu objetivo principal.

Jesus disse-lhe: “Mulher, é grande a tua fé. Faça-se como desejas.” Era aqui que Jesus queria chegar. Este é o ensinamento que Jesus hoje nos quer dar. Eis quanto vale a oração feita com fé, humildade e perseverança. Jesus realizou o milagre que ela pedia e fez-lhe este belo elogio: “Mulher, é grande a tua fé. Faça-se como desejas. A partir de agora, a tua filha ficou curada.”

Que glória para esta mulher cananeia! Que lição para nós!