Bendito seja o nome do Senhor, sua misericórdia é sem fim
Na Liturgia deste III Domingo da Páscoa, veremos, na 1a Leitura(At 5, 27-32. 40-41), que a palavra anunciada pelos apóstolos provoca transformações na vida do povo e enfrenta a resistência de pessoas e líderes da sociedade perversa. Pedro e os outros apóstolos têm a convicção de que Deus é o absoluto de suas vidas e, por isso, são capazes de grandes sacrifícios, renúncias e de praticar gestos heroicos: “É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens”.
A 2ª Leitura (Ap 5, 11-14) mostra que Jesus, o Cordeiro imolado e agora ressuscitado, é digno de receber os sete (infinitos) títulos de reconhecimento por sua obra de redenção: poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor.
No Evangelho (Jo 21, 1-19), percebemos dois tipos de projetos para a sociedade:
1º) Projeto em que Jesus fica à margem. Consequências: sentimento de fracasso, ‘redes vazias’, noite escura. Será que é possível construir um mundo mais justo e solidário só com as capacidades humanas, sem contar com a ajuda de Deus? O Papa Paulo VI já dizia: “O homem poderá construir um mundo sem Deus, mas sem Deus construirá contra o próprio homem” (PP, 42). Não adianta termos uma inteligência excelente, uma perfeita organização pastoral, empenhar todos os nossos esforços e recursos possíveis, se não contamos com a ajuda e a graça de Deus: “Se Deus não construir a nossa casa, em vão trabalham os operários” (Sl 126). Temos que construir um mundo melhor a favor do ser humano, mas um mundo melhor possível será sempre obra do próprio Deus que age na vida de seus filhos e filhas.
2º) Projeto na obediência à Palavra de Deus. Consequências: sucesso, abundância, alegria etc. No texto do evangelho de hoje, Jesus dialoga com Pedro, três perguntas, três respostas, três conclusões: apascenta, sirva, cuida das minhas ovelhas. Com estas palavras, Jesus confere a Pedro a tarefa de supremo e universal pastor do rebanho; confere-lhe o primado que lhe havia prometido quando disse: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. E eu te darei as chaves do Reino dos Céus” (Mt 16, 18-19). Quando amamos e obedecemos a Deus, não somos somente nós que ‘lucramos’, mas toda a humanidade. Jesus faz com que o amor por Ele consista em servir aos demais. Ele não quer receber os frutos desse amor, mas que suas ovelhas os recebam. Ele é o destinatário do amor de Pedro, mas não é o beneficiário. Nosso amor a Cristo não deve ficar em um fato intimista e sentimental, mas deve expressar-se no serviço aos demais, em fazer o bem ao próximo.
Jesus é fiel a cada um de nós, mesmo quando o negamos nos dá novas chances, possibilidades, não nos expulsa ou abandona por causa de nossos erros e fraquezas. A confiança e o perdão do mestre fizeram de Pedro uma pessoa nova, forte, humana solidária e fiel para sempre.
Bendito seja o nome do Senhor, sua misericórdia é sem fim.
Se aprendêssemos a lição contida na forma de atuar de Cristo com Pedro, dando confiança a alguém depois de este ter errado uma ou várias vezes, quantas pessoas menos fracassadas e marginalizadas haveria no mundo!
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Pe. Leomar Antonio Montagna
Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR
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