No Evangelho (Jo 9, 1-41), desenvolve-se uma metodologia que consiste em descrever o trabalho que a pessoa deve enfrentar em sua passagem de uma situação puramente humana para uma situação de fé, isto é, o encontro daquele que é treva com Cristo-Luz. Isto supõe o reconhecimento da própria cegueira e a aceitação da luz de Cristo.
O cego, como dito acima, é a personificação de um povo que é chamado a ver a realidade de forma crítica, a fé deve iluminar esta transformação. A conversão é progressiva, assim como o exemplo do cego, neste texto, que vê em Jesus “Aquele homem”; em seguida, “É um profeta”; e só mais tarde reconhece Jesus, o Salvador: “Eu creio, Senhor!”. A questão que nos vem é: Por que muitos não querem ver? Medo das consequências, ignorância, alienação, comodismo, preconceito. Ver além da ‘verdade oficial’ é perigoso, é desafiar a ordem estabelecida, gera polêmica; enfim, podemos dizer: o ‘pior cego é aquele que não quer ver’, mas aí o Evangelho nos traz as seguintes mensagens:
– Conversão é ver, é passar da cegueira à visão;
– Jesus tem o poder de fazer ver, a luz provém D’ele;
– Os cristãos são chamados a enxergar e a enfrentar as dificuldades. A cura da cegueira passa por crises e resistência, como das personagens relatadas no texto:
1º) Os Vizinhos percebem o dom da vida em Jesus, mas não dão um passo adiante, não saem da ‘vidinha de sempre’.
2º) Os Fariseus e Grupos Religiosos conhecem a luz, mas não a acolhem e ainda hostilizam os seguidores. Querem manter o povo cego e dependente, caso contrário, o povo ficaria independente e não aceitaria mais ‘as esmolas’, daria um salto qualitativo na dignidade, nos direitos e na justiça social.
3º) Os Pais não se comprometem, ficam com medo, isto é, ficam onde estão.
Nesta Quaresma, agradeçamos a Deus que nos cura de nossas trevas, concedendo-nos a graça de poder ver tudo à luz de Cristo.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
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