“A esperança não decepciona” (Rm 5, 5)

A cada ano, no mês de setembro, mês da Bíblia, é-nos proposto um tema. Para este ano, 2025, Ano Santo, como “peregrinos de esperança”, somos convidados a mergulhar nas santas Escrituras a partir da Carta de Paulo aos Romanos, capítulo 5, versículo 5, que diz: “A esperança não decepciona”.

É claro que só esse versículo não é suficiente para entendermos o contexto geral e amplo da Carta aos Romanos. Porém, o versículo pode ser a porta de entrada para descobrirmos a riqueza contida no texto, que trabalha um princípio importantíssimo: A salvação vem pela fé!

Paulo está preocupado em combater e mostrar a pessoas rigoristas e legalistas, que tem uma mentalidade mecanicista da fé, que o segmento a Jesus se dá de outra forma. Quer corrigi-las para que vivam a liberdade de filhos e filhas amados. E lembra à comunidade de Roma, provavelmente composta por judeus iniciados no Caminho de Jesus e judaizantes, que a salvação não é para um grupinho fechado sobre si mesmo, fechado em sua bolha, mas é para toda a humanidade. A salvação é a nova e verdadeira anistia geral. E é dada a toda pessoa que acredita no valor supremo do amor de Deus e ao próximo e que se faz discípulo, discípula de Jesus Cristo, pela graça do Espírito, que dá vida nova a toda pessoa humana e nos faz recomeçar sempre.

Além de todo este belo e profundo conteúdo da Carta aos Romanos, o Apóstolo dos gentios recorda que nenhuma lei em si mesma traz a salvação, pois a lei pela lei não destrói nenhum pecado. É morta e leva à morte e pode alimentar ainda mais o pecado. É a fé, alimentada pela esperança e alicerçada na “única dívida que temos uns pelos outros”, o amor ( Cf Rom 13, 8 ), que nos faz mergulhar na graça e nos dá a força do Espírito, para construirmos um mundo e uma humanidade nova e reconciliada.

Num mundo recheado de angústias, aflições, tribulações, alimentemos a esperança, o amor e a fé, as forças-virtudes divinas colocadas em nós desde o nosso Batismo e alimentadas no engajamento na vida comunitária-eclesial… Assim, poderemos crer na mesma verdade que o Apóstolo Paulo professou: “A esperança não decepciona”.

Monsenhor Júlio Antônio da Silva