Semana Nacional da Vida
De 1 a 7 de outubro a Igreja no Brasil celebra a Semana Nacional da Vida, articulada pela Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF), organismo vinculado a Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB.
Com o tema “A fecundidade do amor na família”, o objetivo é, mais uma vez, refletir e aprofundar na defesa e valorização da Vida, desde a sua concepção até o seu declínio natural. No dia 08 de outubro vamos celebrar o Dia do Nascituro; aquele que está no ventre de sua mãe.
Às vésperas das eleições, este evento da Igreja acontece num tom profético, pedindo urgência de atenção dos candidatos a esta temática. A vida não pode ser negligenciada, negociada. Devemos votar em candidatos que defendam a vida, de uma forma plena. Não significa que validamos os candidatos que defendem a vida, mas, por outro lado, são corruptos ou praticantes e seguidores de uma vida incoerente, não ética, que deturpam a vida humana em outras esferas. Nós cristãos católicos somos chamados a votar nos candidatos que possuem projetos verdadeiramente coerentes.
Para ajudar nossa reflexão e escolha, trago aqui algumas frases do Papa Francisco, sobre política: “Há necessidade de dirigentes políticos que vivam com paixão o seu serviço aos povos, solidários com os seus sofrimentos e esperanças; políticos que anteponham o bem comum aos seus interesses privados, que sejam abertos a ouvir e a aprender no diálogo democrático, que conjuguem a busca da justiça com a misericórdia e a reconciliação”.
Vejam como o nosso Papa é profundo e sábio em suas palavras. A questão do aborto, da vida, no Brasil, está passando por uma afronta democrática. O STF quer legislar sobre o assunto. Isso é uma “afronta democrática”.
Quando falamos em defesa da vida, não podemos nos restringir à contrariedade ao aborto. Devemos, por exemplo, ser contra o uso indiscriminado dos agrotóxicos, que causam aborto e infertilidade. Isso é comprovado cientificamente e nós sabemos que muitos que são conta o aborto apoiam o uso de agrotóxicos altamente danosos à saúde humana. Isso não é incoerência? Por isso, irmãos, é hora de rezarmos, parar, refletir e pensar muito bem antes de votar.
Diante de um cenário tão difícil, convoco o nosso povo a olhar com esperança. Muitas coisas boas aconteceram na nossa democracia, por intervenção da Igreja. Veja a Lei da Ficha Limpa. Uma grande vitória do povo brasileiro contra a corrupção. E foi a Igreja a grande motivadora, com a sua imensa capilaridade, que, com outras entidades, efetivou esta conquista.
Nesta semana, vamos lutar pela vida; mas não só agora. Leigos, assumam vossos postos nos conselhos municipais, na vida pública. Pensem em candidaturas já para as eleições de prefeitos e vereadores. Não se omitam. Sejam presentes e coerentes.
“Ninguém pode exigir de nós que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos. Uma fé autêntica – que nunca é cômoda nem individualista – comporta sempre um desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a terra um pouco melhor depois da nossa passagem por ela!” (Papa Francisco, Evangelii Gaudium, n. 183).
Que o Espírito Santo ilumine o povo brasileiro. Pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, rogo as bênçãos de Deus para a nossa querida e amada nação.
Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá-PR
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