A Semana Santa, para nós cristãos, é a semana mais importante do ano. Como bem diz o nosso povo: “estamos vivendo os dias grandes”. Esta Semana é grande porque nela celebramos o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nesta Semana Deus manifestou todo o seu amor pela humanidade e à cada um de nós.

A Semana Santa, que ora iniciamos, pode ser considerada um manual de instruções para o cristão. Jesus pediu a seus discípulos que preparassem, com todo esmero, a sua Páscoa e, com isso, nos ensina hoje a fazer o mesmo. Vamos ler e meditar juntos o relato dos preparativos da Páscoa de Jesus?

Assim descreve o evangelista Marcos: “No primeiro dia dos ázimos, quando se imolava a Páscoa, os seus discípulos lhe disseram: ‘Onde queres que façamos os preparativos para comeres a Páscoa?’. Enviou então dois dos seus discípulos e disse-lhes: ‘Ide à cidade. Um homem levando uma bilha d’água virá ao vosso encontro. Segui-o. Onde ele entrar, dizei ao dono da casa: ‘O Mestre pergunta: Onde está a minha sala, em que comerei a Páscoa com meus discípulos?’ E ele vos mostrará, no andar superior, uma grande sala arrumada com almofadas. Preparai-a ali para nós”! (Mc 12b-15).

O apóstolo Paulo, por sua vez, lembra aos cristãos da comunidade de Coríntios para não celebrarem a Páscoa com o fermento da malícia e da perversidade (cf. 1 Cor 5,8). Não é esta uma orientação segura também para nós, hoje? É triste constatar que muitos cristãos hoje vivem a Semana Santa com certa frieza e até na indiferença. A Semana Santa para nós, discípulos de Jesus, não é uma espécie de “carpe diem” (um aproveitar o hoje). Não é tempo para passear, pescar, se divertir, curtir a vida, relaxar, espairecer – como se fosse um feriadão. Assim como os discípulos de Jesus, também nós hoje devemos nos preparar bem para passar esses dias grandes na sua companhia.

O Domingo de Ramos é o grande portal de entrada na Semana Santa, a Semana em que Jesus caminha até ao ponto culminante da sua existência terrena. Ele sobe a Jerusalém para dar pleno cumprimento às Escrituras e ser pregado no lenho da cruz, o trono donde reinará para sempre, atraindo a Si a humanidade de todos os tempos e oferecendo a todos o dom da salvação. A liturgia deste Domingo inicia-se com a bênção dos ramos e a procissão que comemora a entrada triunfal de Jesus na Cidade Santa de Jerusalém, na qual é acolhido como Rei.

Na liturgia Eucarística, o Evangelho proclamado é a narrativa da Paixão do Senhor. Somos convidados a entrar com Jesus no mistério de sua paixão e aquecer o nosso coração com o amor que não tem fim, o amor de Deus por nós. O ensinamento deste dia é que devemos acolher Jesus em nossa vida, nos deixar atrair pela força do seu amor e trilhar o caminho alto que nos conduz a Deus.

Domingo da Páscoa. A Páscoa é a festa da nova criação. Jesus ressuscitou e nunca mais morre. A porta que dá acesso à nova vida foi arrebentada. Na Páscoa, ao amanhecer do primeiro dia da semana, Deus disse novamente: “Faça-se a luz!” Antes tinham vindo a noite escura do Monte das Oliveiras e da traição de Judas, o eclipse solar da paixão e morte de Jesus, a noite do sepulcro e do silêncio. Mas, agora a criação recomeça inteiramente nova. Jesus ressuscita do sepulcro. A vida é mais forte que a morte.

O bem é mais forte que o mal. O amor é mais forte que o ódio. A verdade é mais forte que a mentira. O salmo desta liturgia canta: “Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos”. A Ressurreição de Cristo é o mistério fundante da fé cristã. Já bem dizia Santo Agostinho: “Crer que Jesus morreu não é grande coisa. Isto até os pagãos professam. Grande coisa é crer que Jesus ressuscitou. A fé cristã é a ressurreição de Cristo”. O Ressuscitado vence toda forma de escuridão. Ele é o novo dia de Deus que dá sentido pleno à nossa vida. Celebremos, portanto, nossa Páscoa na pureza e na verdade. FELIZ PÁSCOA DE RESSURREIÇÃO!

Fonte – www.cnbb.org.br