Senhora imaculada e gloriosa
Devemos a Paulo VI o título de “Mãe da Igreja” dado a Maria. “É um título que faz parte da mais autêntica piedade marial, pois se funda na própria maternidade divina do Verbo, que está na base de tudo que é de Maria” (discurso, 21/11/1964). Na Carta Apostólica de encerramento do Concílio Vaticano II (08/12/1965), Paulo VI proclamou-a Mãe da Igreja.
A maternidade divina é a maior prerrogativa de Maria. Verdade definida pelo Concílio de Éfeso, em 431, a Igreja aí apenas reconheceu como artigo de fé aquilo que sempre foi professado pelo povo cristão. (Theotókos – S. Cirilo de Alexandria: Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós, pecadores…).
Da maternidade divina decorrem todas as prerrogativas de Maria. Ela gerou não só o corpo, mas a pessoa segunda Pessoa divina, o Verbo de Deus, com natureza divina e humana, que se tornou homem como nós: “o santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus” (Lc 1,35); “como sou digna de que venha me visitar a mãe do meu Senhor?” (id, 43).
Da maternidade de Maria decorre sua Imaculada Conceição. Deus não pode absolutamente conviver com o pecado. Se o Filho unigênito encarnou-se para redimir o pecado, como poderia sua mãe estar sujeita, ainda que por um único instante, ao pecado? Nascemos todos com o pecado original, herança que por sermos descendentes de pais rebeldes. Maria, por privilégio único, foi preservada dessa herança, presente em todos nós, desde nossa origem.
Qualquer que seja a explicação dada por distintas correntes teológicas ao pecado original, trata-se de um artigo da fé católica. Cremos que houve, no início da existência humana livre e consciente sobre a terra, um episódio de rebeldia a uma ordem amorosa de Deus. Em vez de herdarmos então a plena comunhão com Deus rica de todos os dons, com que Ele tinha cumulado a humanidade, nascemos afastados de Deus pela marca de humanidade pecadora.
O pecado atinge absolutamente a todos nós. Se não pela prática individual da falta de origem (nenhum de nós a cometeu), seguramente por descendência, isto é, por provirmos de pais que, lá na origem, recusaram obediência à vontade de Deus. Ao nos elevar, pelo batismo, à condição de filhos de Deus, Jesus nos purifica de todo pecado (também do original).
Como esteve no plano de Deus, desde toda a eternidade, enviar seu Filho para nos tornar seus filhos – e como, desde a origem, toda a humanidade é pecadora –, não haveria lógica em Jesus ser gerado por uma mulher sujeita, ainda que por um instante, ao pecado. Assim, desde o início da sua concepção por Santa Ana, era sumamente conveniente que Deus preservasse do pecado original aquela que seria a mãe do seu divino Filho. Esta, a convicção unânime da Igreja, desde o princípio. Pio IX a definiu como dogma de fé em 8 de dezembro de 1854. É o mistério da Imaculada Conceição de Nossa Senhora.
A assunção de Maria, em corpo e alma, à glória celeste decorre, igualmente, da maternidade divina. Se o corpo de Cristo não se corrompeu, mas ressuscitou, não seria justo corromper-se o corpo do qual ele foi formado. Maria é a primeira a participar da glória da ressurreição de seu Filho. “Como o pecado entrou no mundo por um só homem e, por meio do pecado, a morte; a morte passou para todos os homens, porque todos pecaram” (Rom 5,12): Maria não poderia sofrer a morte nem suas conseqüências (decomposição), de vez que foi isenta do pecado.
Por isso, após sua vida terrena, seu corpo foi imediatamente elevado à glória celeste. A sua assunção nós a chamamos a glorificação de Maria ou Nossa Senhora da Glória. Esta foi também sempre crença da Igreja. O que fez o Papa Pio XII, em 1° de novembro de 1950, ao definir o dogma da Assunção de Maria, foi apenas ratificar a fé professada pelo povo cristão.
A primeira paróquia de Maringá foi criada no dia 2 de abril de 1950 e dedicada à Santíssima Trindade. Com a proclamação, a 1º de novembro de 1950, do dogma da Assunção de Maria aos céus em corpo e alma, o bispo de Jacarezinho, dom Geraldo de Proença Sigaud, decidiu dedicá-la a Maria assunta aos céus. Por decreto de 5 de agosto de 1952, a paróquia do centro de Maringá passou a ter como padroeira Nossa Senhora da Glória.
Criada a diocese de Maringá (1º/02/1956), tornou-se catedral, isto é, igreja mãe da diocese, onde o bispo tem a sua cátedra de mestre da fé para seus diocesanos.
Para a Igreja Católica em Maringá a festa de Nossa Senhora da Glória é triplamente importante: ela é a padroeira de toda a arquidiocese, que compreende 58 paróquias, distribuídas por 28 municípios; é padroeira da Catedral Basílica Menor, e é ainda padroeira da cidade de Maringá.
Com esse título honramos Maria, Mãe de Jesus, glorificada por Deus ao término de sua vida terrestre. Se o corpo do Filho eterno de Deus não passou pela corrupção após a morte, é justo que o corpo de sua Mãe, que o gerou no seu ventre, tenha igual sorte e participe, desde o instante da morte, da glória da ressurreição. Faz parte da fé dos católicos a admissão que Maria, Mãe de Jesus, participa em corpo e alma da glória celeste.
Autor: Padre Orivaldo Robles
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