Jesus então deu-lhes esta resposta: Examinais as Escrituras, pensando ter nelas a vida eterna, e são elas que dão testemunho de mim! Vós, porém, não quereis vir a mim para terdes a vida! Se acreditásseis em Moisés, também acreditaríeis em mim, pois foi a meu respeito que ele escreveu. Mas, se não acreditais nos seus escritos, como podereis crer nas minhas palavras? (João 5,19.39.46-47)
 

Com a memória litúrgica de São Jerônimo (347-420), sacerdote e doutor da Igreja, fechamos felizmente o mês da Bíblia. E digo felizmente, porque foi precisamente S. Jerônimo com sua tradução da Bíblia ao latim (a assim chamada Vulgata) quem contribuiu de maneira singular para a divulgação da Sagrada Escritura no ocidente. S. Jerônimo além disso, deixou à Igreja o legado de ricos comentários aos vários livros bíblicos, um tesouro de espiritualidade de perene valor.

Mas se mais um mês da Bíblia termina, terminar não deve nosso interesse na Palavra de Deus. Ao contrário. Tomara que este mês nos tenha ajudado a redescobrir o lugar central que a Bíblia deve ocupar em nossa vida cristã e que tenha aumentado em nós a fome e sede da Palavra da Vida. Escrevia o Papa Bento XVI na Exortação Pós-Sinodal sobre a Palavra de Deus, “desejo uma vez mais exortar todo o Povo de Deus, os Pastores, as pessoas consagradas e os fiéis leigos a empenharem-se para que as Sagradas Escrituras se lhes tornem cada vez mais familiares. Nunca devemos esquecer que, na base de toda a espiritualidade cristã autêntica e viva, está a Palavra de Deus anunciada, acolhida, celebrada e meditada na Igreja” (VD, 121). 

 Já o Concílio Vaticano II convidava a todos os fiéis a que com ardor e perseverança todos os fiéis, aprendessem «a sublime ciência de Jesus Cristo» (Fil. 3,8) com a leitura frequente das divinas Escrituras, porque como escreveu S. Jerônimo, ”desconhecimento da Escritura é desconhecimento de Cristo” (Prol. Coment. Profeta Isaías; Const. Dogmática Dei Verbum, 25). 

Em meio a tantas palavras vazias que ressoam em nosso mundo soterrado de informações desencontradas, continua ressoando a sabedoria eterna e sempre nova de Deus na Palavra inspirada. Os corações humildes como o de Maria se esforçam por escuta-la mais e mais, guarda-la e medita-la em seu interior. E crescem na fé autêntica, que ilumina o caminhar, fortalece o fraquejar, modela a humanidade e leva a conformar-se com Cristo; que faz viver no pequeno e no grande, o preceito do amor.    

Pe. Lucas Brum Teixeira