Tempos atrás, na sacristia da nossa Catedral, vi uma revista destinada aos noivos. Trabalho caprichado, em finíssimo papel, com fotos de admirável beleza, a oferecer inúmeras sugestões para o que os editores entendiam como receita de um casamento inesquecível. O título? Algo como “O dia mais feliz da nossa vida”. Quase duzentas páginas de fotos grandes e artísticas. Textos curtos, mas sugestivos para convencer os noivos que os produtos ali expostos garantiam  a felicidade que esperavam do casamento.

Uma coisa chamou-me a atenção: em quase duzentas páginas, não aparecia, uma vez sequer,a palavra “Deus”. Mas a revista fora distribuída numa igreja, onde se celebra o matrimônio, isto é, um sinal de Deus para a expressão do amor entre cristãos. A intenção era, pois, oferecer aos noivos, aquilo que os editores imaginavam necessário para a felicidade de um casal cristão. Os editores pensaram em mil coisas. Só não em Deus, que devem ter achado dispensável para formar uma família feliz.

É pena que o modismo e o espírito consumista tenham reduzido a celebração do sacramento do matrimônio a um festival de vaidades e gastos inúteis. A gente fica sabendo, de vez em quando, de casamentos em que foram gastas verdadeiras fortunas. Gastas não, esbanjadas. Para o brilho de uma única noite.

Agora apareceu outra publicação, que pretende guiar os noivos para casar bem. São 183 páginas. Um pouco melhor do que a anterior. Ainda assim, com falhas imperdoáveis. Por exemplo, dez passos de uma contagem regressiva, que revelam como as pessoas encaram o matrimônio. Procuram pensar em tudo com grande antecedência.

Mas de uma séria preparação espiritual não se fala. Para quê, né? Hoje vivemos em outro tempo.

Depois as pessoas lamentam os dramas que atingem nossas famílias.