Nos primeiros tempos da Igreja, a Catequese era dirigida principalmente aos adultos; aqueles que simpatizavam com a proposta de Jesus e com o testemunho dos cristãos eram colocados em contato com a Palavra de Deus e com o novo estilo de vida exigido em um processo lento, gradual e comunitário, que visava à verdadeira conversão e comprometimento com o ‘caminho’ cristão.

Em todo o processo de formação dos cristãos (catecumenato) havia uma perfeita harmonia entre as dimensões catequética e litúrgica. A catequese (ensinamento das verdades a serem conhecidas, compreendidas e aceitas pelo cristão) caminhava de braços dados com a celebração dos mistérios da fé: não se concebia conhecimento de Jesus que não fosse celebrado na Liturgia e experimentado na vida comunitária.

Podemos, então, falar sobre o tempo quaresmal na dinâmica da instrução dos adultos na Igreja primitiva. Historicamente, a Quaresma tem origem na preparação dos catecúmenos – aqueles prestes a receber os sacramentos da Iniciação Cristã (Batismo, Confirmação, Eucaristia). Durante esse mesmo período, os penitentes públicos eram apresentados e reconciliados com Deus e com toda a comunidade. Portanto, o tempo quaresmal nasceu de uma necessidade profundamente catecumenal: última preparação daqueles que receberiam o Batismo na Vigília Pascal e renovação cristã dos já batizados. Nos dias de hoje, as comunidades que vivem o processo da Iniciação Cristã de adultos renovam sua vida de fé e missão ao experimentarem o sentido litúrgico e espiritual da Quaresma: os catecúmenos se preparam para o Batismo e os já batizados renovam seus compromissos batismais e procuram o perdão de suas faltas participando do sacramento da Reconciliação.

No processo da Iniciação Cristã a Quaresma coincide com o terceiro tempo – tempo da iluminação e purificação – e tem início com o Rito da Eleição ou Rito da Inscrição do Nome, celebrado, com toda a comunidade, no primeiro Domingo do período quaresmal. Nesta celebração, a Igreja, ajudada pelo testemunho dos padrinhos e dos catequistas, declara que os catecúmenos podem ser admitidos – eleitos – aos sacramentos da Iniciação Cristã. O rito está baseado na escolha e eleição da parte de Deus, em nome de quem age a Igreja, admitindo os candidatos.

Na celebração da Eleição três aspectos são fundamentais: o dom de Deus, que chama os catecúmenos; a resposta destes, que devem caminhar confiantes de que Deus nunca lhes faltará; e o empenho da comunidade, que acolhe e dá testemunho cristão, trilhando com os eleitos os quarenta dias de preparação espiritual até a celebração da Páscoa do Senhor.

Nas leituras da Missa em que é celebrada a Eleição, os catecúmenos são chamados a refletir sobre sua situação: um homem oprimido pelo mal (Gn 2,7-9;3,1-7), mas que vence o mal (Mt 4,1-11). A segunda leitura é encorajadora: onde abundou o pecado, derramou-se a graça em plenitude (Rm 5,12-19).

Em nossa paróquia o Rito de Eleição será celebrado neste sábado, dia 17 de fevereiro, durante a celebração eucarística às 19h30. Participe com a  comunidade paroquial, acolhendo e orando por aqueles que pedem para receber os sacramentos da Iniciação Cristã na Solene Vigília Pascal este ano.